De Salto em Salto
Carolina Costa
Durante todo o primeiro semestre de 2015 Carola desenvolveu uma pesquisa em acrobacia e dança. Contemplada com o Prêmio Caixa Funarte Carequinha de Estímulo ao Circo, mudou-se para o Vale do Capão na Chapada Diamantina e lá imergiu em seu processo de pesquisa sob a tutela de Jade Gouvêa. Acrobata desde muito cedo, sentiu necessidade de buscar novidade e fazer diferente. Viu na dança a chance de uma acrobacia mais leve e fluida. Encontrou o que buscava e também se deparou com os desafios: como ‘quebrar’ esse corpo tão acostumado ao equilíbrio e à rigidez de formas? Que caminhos percorrer para que esse corpo absorva novas trilhas?
Para nortear sua pesquisa Carola traçou um objetivo: criar um número. Escolheu o salto alto como aparelho circense porquê em algum momento fez uma analogia com a perna de pau e enxergou uma possibilidade. E como diz no número: achou que podia, testou e deu certo....!
Ficha técnica
intérprete-criadora - Carola Costa
direção - Jade Gouvêa
Colaboração - Josefina Silva
Preparação vocal - Natália Quiroga
Vídeo - Eric San
Permanência para o encarnado
Luanna Jimenes
A performance para acontecer em espaços de livre circulação consiste na permanência da artista no espaço caracterizada pelo traje. A dança que sustenta o trabalho é uma expansão da respiração com dimensões e tempos orgânicos, sendo portanto um expandir /recolher até seus limites extremos, alternando uma figura grande a outra pequena próxima do chão. Podem acontecer pausas no percurso permitindo ao corpo múltiplas leituras. O figurino de tecido preto encorpado e com algum brilho confunde o corpo com um objeto.
Este trabalho é parte do material produzido na pesquisa e investigação que teve origem em Lisboa durante uma formação em dança em 2013 e na residência artística em Ourique em 2014. A questão da ancestralidade da performer, do encontro entre portugueses e indígenas no século XVI vem provocando a artista em sua produção artística nos últimos três anos.
Planta do Pé
Maria Eugênia Almeida
Somos todos passíveis de estigmas, as danças brasileiras não fogem ao caso. Nesse trabalho Maria Eugênia compartilha com o público uma reflexão sobre as singelas e as preciosidades das danças de um Brasil antigo e inovador. Assim: com um pouco de pé, um pouco de planta, um pouco de fala e um pouco de dança.
Unindo a experiência com as danças tradicionais ao universo acadêmico historiográfico essa “aula-espetáculo” apresenta algumas das possibilidades corporais que essas danças oferecem assim como propõe a reflexão sobreo que ainda as mantém à margem de nossa sociedade.
Contando sobre passos de danças aprendidos nas festas populares do Brasil se passeia por uma história de união entre essas e outras técnicas absorvidas ao longo de anos de pesquisa moldada por diversos espetáculos.
Nesse último trabalho a dançarina propõe para o público algumas indagações: “a que Brasil eu pertenço?” “o que de mais valioso podemos somo capazes de observar em nossas manifestações culturais longínquas?” “porque muitos ritmos e danças brasileiras ainda permanecem tão a margem de nossa “sociedade oficial”?”
Ficha Técnica
Concepção e interpretação: Maria Eugênia Almeida
Supervisão Artística: Antônio Nóbrega e Rosane Almeida
1+1=3
Juliana França
Prática coletiva da ferramenta Camiseta: 1+1=3, utilizada durante as pesquisas de Dark Room, desde 2013 com intuito de estudar no corpo um conceito fundamental do trabalho, a compreensão da coreografia sob a ótica da teoria dos sistemas (Sistemas Coreográficos). Duas pessoas são convidadas a vestir uma mesma camiseta, gerando um terceiro corpo, um novo organismo. A partir desse dispositivo as relações de co-dependencia entre as partes podem ser estudadas e observadas. Os espectadores integram a estrutura, exercendo a função de observação crítica, gerando comandos físicos para provocar a experimentação corporal. Desse modo é possível fazer o esforço coletivo de imaginar e discutir o que pode ser um sistema, investigando o conceito pela via concreta do movimento. A ferramenta “camiseta: 1+1=3” é uma releitura da ferramenta "camiseta" desenvolvida em 2010 no contexto da residência artística Colaboratório/Festival Panorama,RJ pelos artistas: Vandré Vitorino, Leo Nabuco, Patricia Barbara e Juliana França.
Ficha técnica
Orientação: Juliana França
Pesquisadores convidados: Ariadne Filipe, Bruna Paiva, Erik Morais, Rafael Palmieri e Simone Santos.
Criação e recriação da ferramenta: Vandré Vitorino, Leo Nabuco, Patricia Barbara, Juliana França, Ana Dupas, Caio Cesar de Andrade e Dani Spadotto.
Apoios/Realização: Residencia Cartograma 2015/ N(i)D - Unifesp; 4 CONCURSO DE APOIO A PROJETOS CULTURAIS INDEPENDENTES NO MUNICÍPIO DE SANTOS; SESC/Santos; FUNARTE/Projeto Âmbargris e Festival CAUSA <ações artísticas> 2013.
Silêncio
Laura Lavorato
“Silêncio” é um espetáculo solo com a atriz Laura Lavorato, segundo trabalho produzido pelo Núcleo Utópico de Teatro, onde se pesquisa, de maneira aprofundada e traçando um diálogo entre inúmeros autores, a função expressiva do silêncio, suas diversas nuances, num mundo dominado cada vez mais por ruídos e sons, onde se pode observar uma verdadeira crise na comunicação e um empobrecimento da linguagem cotidiana. Sugere uma reflexão sobre essa temática, com suas contradições e potencialidades.
O Núcleo Utópico de Teatro dá prosseguimento a sua proposta primordial de buscar meios para tocar, sensivelmente ou intelectualmente, o espectador. Pequenos trechos dessa pesquisa, ainda incipiente,a serem apresentados no FESTIVAL CARTOGRAMA,
propõem um diálogo entre a busca interna e externa de silêncio e de equilíbrio, explorando os limites dacomunicabilidade humana.
Ficha Técnica
Artista pesquisadora: Laura Lavorato
Artista Colaboradora: Renata Fernandes
Filosofia do Ralo
Cadu Ribeiro
A emersão de personagens a partir da filosofia e da literatura tem atravessado as criações em dança contemporânea do bailarino. Neste solo, Basil Hallward, o pintor apaixonado e assassinado por Dorian Gray, é dançado como a consciência infeliz deste jovem narcisista. Enquanto Dorian apodrecia, mas se mantinha jovem e belo pela maldição pictórica, Basil, depois de assassinado pelo amante, transforma-se na travesti Blood Doll. É ela quem realiza uma dança-vingança.
Ficha Técnica
Concepção, criação e interpretação: Cadu Ribeiro
Orientação da pesquisa: Samya Enes
Provocação artística: Urubatan Miranda / Tatiana Cotrim
Figurino: Cadu Ribeiro
Texto “Filosofia do Ralo”(Cadu Ribeiro)
Iluminação: Tatiana Cotrim
Música original: Daniel Assad
Fotografia:Thais Audi e Marina Gross (Fotolie+)
Cenografia de objetos: Nielson Fortunato/Cadu Ribeiro
Captação de vídeo/edição: Matheus Brant
CTRL V - memórias do insondável"
Márcio Barreto
É uma performance para vídeo dança baseado em imagens que se sucedem e se repetem dentro do plano onírico. Ligada à prosa poética de "Na floresta do alheamento" de Fernando Pessoa, a narrativa parte do desencontro de quem sonha e se sente sonhado por outro alguém. Um movimento contínuo de imagens e planos de realidade paralela que se mesclam e se distanciam, onde a fragmentação se expande e desdobra-se em novos significados abolindo a lógica habitual da narrativa. Os intérpretes-criadores movimentam-se pelo espaço sem se encontrarem. Presos a tempos diversos e lugares desconhecidamente cotidianos transitam por suas memórias e pelo insondável de suas vidas. Uma reflexão acerca da distância que se alarga cada vez mais nos tempos atuais, transformando o ser humano em um "eu absoluto" ludibriado por ideais neo-liberalistas de consumo. Por isso, a imagem do "porco" aparece no sonho junto com discursos políticos, sons de multidão, entrevistas, pronunciamentos - o humano que como o porco ingere tudo que lhe dão a boca. Assim como vivemos a vida que nos vendem... sem nos questionar, sem nos encontrar, seguindo virtualmente separados, copiando e colando.
Ficha Técnica
Concepção: Márcio Barreto
Intérpretes-criadores: Célia Faustino e Márcio Barreto